Na edição passada, o Jornal de Bragança e Região publicou uma entrevista com um dos filhos e uma nora do gari Benedito Aparecido de Oliveira, de 54 anos, morto atropelado por um carro em alta velocidade e sem controle, enquanto trabalhava limpando a frente do Posto de Monta, em Bragança Paulista, na manhã do domingo, dia 23 de abril.
Entre outras coisas, a família afirmou à reportagem que não teve qualquer tipo de assistência da Embralixo, empresa em que o gari trabalhava há 15 anos. Toda a despesa com o velório e enterro, inclusive, compra de um espaço no cemitério, foi pago por um dos filhos, conforme afirmou o filho Denílson e a nora Íris.
Antes de publicar a matéria, O Jornal de Bragança e Região entrou em contato com a Embralixo, enviou e-mail com várias perguntas e ainda ligou cobrando as resposta, que não foram enviadas.
Porém, nove dias após publicação, a empresa enviou ao jornal uma nota (com duas páginas A4), solicitando o direito de se manifesar.
Em resumo, a empresa contesta as afirmações da família e diz que “em momento algum a empresa virou as costas ao lamentável ocorrido”. Afirma ainda que, desde os primeiros momentos, funcionários estiveram no local dando apoio moral e psicológico. “Acompanhando- os naquele fatídico dia, ficando o tempo todo à disposição da família, em momento algum a empresa se omitiu, mesmo não tendo qualquer culpa no ocorrido”.
A empresa argumenta ainda “que todos os funcionários da empresa, inclusive a administração, estiveram para dar o último adeus ao amigo e companheiro”.
A Embralixo ainda afirma que auxiliou os funcionários no transporte até ao cemitério e afirma. “Mas pelo visto, nada foi considerado”. Em outro trecho, a empresa se diz entristecida. “O que nos entristece é essa ideia de tentar arranhar a imagem da empresa”, e rebate. “Os fatos expostos na mídia jornalística estão totalmente desconexos aos que realmente ocorreram”.
Ao encerrar, a nota diz que a empresa tem a consciência tranquila de que fez a parte dela e que não fez mais, porque a família não quis ou porque foi orientada a não aceitar e afirma que as portas da empresa continuarão abertas aos familiares em tudo o que necessitarem.
Outro lado
O Jornal de Bragança e Região voltou a procurar a família, que reafirmou tudo o que disse durante a entrevista e ainda apontou outro membro da família, a irmã do seu Benedito, que poderia confirmar tudo o que foi dito. “Ficamos indignados e vamos levar (o assunto) ao nosso advogado”, disse Íris, a nora do gari, citada na matéria anterior e que teve acesso a nota enviada pela Embralixo. Ela acrescentou ainda que a única ajuda oferecida no dia do velório foi uma vaga de emprego à irmã de seu Benedito. “Será que eles acham que isso é assistência?” indagou a nora ao opinar. “Na minha opinião nem era lugar para isso”. Sobre o áudio citado na nota da empresa, Íris conversou com a família para saber se alguém havia recebido. “Conversei com meu cunhado e ele falou que a empresa só ofereceu o advogado deles e não como eles afirmaram que tem áudio oferecendo ajuda jurídica, financeira e psicológica”, finalizou.
Nota do JBR
Quanto ao trecho da nota em que a Embralixo afirma que “Os fatos expostos na mídia jornalística estão totalmente desconexos aos que realmente ocorreram”, o Jornal de Bragança e Região esclarece que toda a entrevista feita com a família foi devidamente gravada. O JBR reforça ainda que a empresa teve, antes da veiculação da reportagem, o direito de dar seus esclarecimentos, mas não o fez, apesar da insistência do jornal. A cópia do e-mail com as perguntas enviadas está arquivada, assim como a gravação feita com a família do gari.