Em poucos dias experimentou-se, mais uma vez, uma grave sensação de insegurança gerada pela prática de crimes bárbaros, em que a crueldade com as vítimas chama a atenção. Em Bragança Paulista, fomos testemunhas de latrocínios (roubo seguido de morte) praticados contra duas idosas, aparentemente pela mesma pessoa. No Brasil, geraram grande comoção a morte de um adolescente atingido por uma pedra em tentativa de roubo na Rodovia dos Imigrantes, além do caso do estupro coletivo de uma adolescente carioca.
Ao nos chocarmos com situações de gravíssima violência como as narradas acima, a primeira reação é cobrar um recrudescimento da legislação, de forma a elevar as penas para tais crimes, assim como dificultar, ou até mesmo impossibilitar o retorno dos criminosos ao convívio em sociedade.
Contudo, mais do que mudar a lei, cuja prática é bastante corriqueira e simples, posto que no papel tudo pode ser perfeito, parece-nos que é, acima de tudo, necessária uma mudança na sociedade. Em primeiro lugar, observa-se, de pronto, o pouco valor que o maior bem que possuímos, a vida, possui. Hoje a vítima não é vista sob o ponto de vista humano, mas apenas como um objeto, um inimigo, cujo extermínio ou violência não geram qualquer sensação de arrependimento.
Ademais, necessário se faz que as leis, já existentes, sejam minimamente aplicadas. Para se ter uma ideia, no ano de 2011, dos mais de 50 mil homicídios ocorridos no país, apenas 4 mil (8%) têm o autor descoberto, segundo o Ministério da Justiça.
Assim, forçoso concluir que antes de mudar a lei, devemos mudar a forma como estamos nos relacionando com o outro, assim como se mostra necessário que as forças de segurança ajam de maneira mais efetiva na elucidação dos crimes ocorridos.