Já havia finalizado minha coluna mensal da última edição do Jornal de Bragança e Região quando recebi um contato da direção, na pessoa do Herik, informando que precisávamos marcar uma reunião. Imaginei, como não poderia deixar de ser, que desejava ele tratar sobre os temas selecionados para esse espaço que me é cedido. Ledo engano.
Sofria, e ainda sofre, esse novo e independente meio de comunicação, ameaça mais grave ao seu direito de informar, uma tentativa vil de ter sua liberdade de expressão e de informação censurada. Isso passados mais de 25 anos da promulgação da Constituição Federal de 1988.
Impossível não relacionar tal tentativa de censura ao um crescente movimento que pede a volta do regime militar, regime esse que durante mais de duas décadas ditou os caminhos do país, sem participação popular e utilizando de todos os instrumentos para manutenção do poder, dentre os quais a proibição à notícia.
A praxe ressuscitada em Juízo por um empresário que mantém contratos com o Poder Público local, é a mesma utilizada pelos senhores do antigo poder para impedir que se noticiasse suas falcatruas, seus equívocos, seus exageros, levando muitos a crer que àquele tempo a administração era mais proba do que o é hoje. Não, não era. A diferença é que hoje se pode noticiar, com independência, isenção, visando o bem comum, e naquele tempo nada se podia falar, criticar.
Parece que vinte e poucos anos ainda não foi tempo suficiente para que os princípios democráticos, não só do voto, se incutissem plenamente na nossa população, seja quando busca reviver a censura para interesses pessoais, seja quando defende a volta de um regime que a tem como mecanismo de governo, escondendo os problemas embaixo do tapete.
Para fechar a semana, uma imagem de um negro, amarrado a um poste e açoitado até a morte. Um quadro dos tempos do Brasil escravocrata? Não. A crônica de uma prática cada vez mais comum na capital maranhense. Olho por olho, dente por dente. Em que século estamos vivendo?