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16/05/2018 às 20h40min - Atualizada em 16/05/2018 às 20h40min

Índice de violência sexual contra crianças e adolescentes é alto no município



De maio de 2017 a maio deste ano, o Conselho Tutelar de Bragança Paulista registrou 94 casos de violência sexual praticada contra crianças e adolescentes, o que equivale a quase oito casos por mês, ou cerca de dois na semana.  Dos abusos ocorridos nesses doze meses, 64 foram contra crianças e 30 contra adolescentes.

Um índice avaliado como alto, pela presidente do Conselho Tutelar, Marisa Ferreira de Lima, que explicou que em todos os casos, o abusador é conhecido da família, e em 65% dos abusos, o criminoso é membro da família. 

Ainda de acordo com os dados, a maioria das vítimas é do sexo feminino, apesar de ter casos de abuso sexual também contra meninos. Marisa conta que apesar do índice ser alto, houve época ainda pior. “Chegamos a atender sete casos por semana. Hoje a média é de dois a três”, disse ao relatar que há muitos casos em que o abusador não deixa provas efetivas, o que torna mais difícil comprovar o estupro. “O sexo oral, a carícia, o toque, isso não deixa prova. O agressor sente o prazer, mas não há rompimentos de hímen ou de orifício”, disse ao relatar casos claramente identificáveis, com todo tipo de indícios e vestígios. 

Marisa citou que os departamentos de Educação e de Saúde do município, são importantes nesse trabalho de identificação, já que na maioria dos casos, a criança não relata a sua mãe ou responsável, o que vem sofrendo, pois têm medo das ameaças que sofre. “Algumas características podem ser sinais, como muita sonolência em sala de aula, já que na casa a criança não dorme com medo de ser abordada pelo violentador; se tinha bom desempenho e não tem mais; se está com disfunção do esfíncter anal. São muitos indícios. Por isso, o departamento de Saúde e Educação são importantes, principalmente tendo um olhar de acolhida”.

A presidente contou que, infelizmente há casos em que a mãe percebe e não quer enxergar. “Muitas mães são coniventes. O amor pelo marido transcende ao do filho e ela não denuncia”.  

De acordo com a conselheira, quando há flagrante, o abusador vai preso, mas quando não há, a criança passa pelos procedimentos legais, como exames médicos, e acaba sendo retirada do seio familiar. “O criminoso fica na casa e a criança é que deixa a própria casa, e elas sofrem com isso”.

Sobre a exploração sexual, Marisa explicou que Bragança não registra muitos casos.

Sobre a data, 18 de maio, Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, Marisa resume. “Esta data é para reflexão, mas que não seja só essa semana, pois nenhuma criança pode ser vítima disso. O dia 18 de maio é tão importante pra mim, como todos os outros dias. E essa luta é de todos”, finalizou.

O disque 100 do Governo Federal recebe denúncias anônimas de abuso ou exploração sexual. Em Bragança, basta ligar para o Conselho Tutelar (11) 4033 7568 ou para o 190, da Polícia Militar.

 

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