Foto: Arquivo Pessoal / Felipe Gonçalves (camiseta rosa) durante cobertura com o jornalista Sérgio Utsch
Reportagem: Luci Miranda
O bragantino Felipe Gonçalves tem 44 anos, é repórter cinematográfico e está fazendo a cobertura jornalística da guerra entre Israel e o Hamas, pelo canal SBT.
Ele é filho de Eledi Gonçalves, fundadora do ECOA, projeto social de Bragança Paulista, e de José do Carmo Gonçalves (falecido), casal que fundou a Casarão Foto Studio, empresa onde Felipe começou a desenvolver o seu talento. “Meu pai começou com uma fábrica de revelar fotografias, e depois montou a primeira loja e foi ai que comecei como fotógrafo, em Bragança”.
Desde 2016 Felipe trabalha como repórter cinematográfico, (freelancer), em Londres, tendo trabalhado pela TV Bandeirantes, Globo, Record TV, Rede e TV. No ano passado, Felipe cobriu a Copa do Mundo, no Qatar, pela Record. Em 2018 esteve na Rússia, também cobrindo a Copa, mas pela Band. Pelo SBT ele tem trabalhado bastante, tendo feito a cobertura da visita do presidente Lula, em Londres e, em Bruxelas, na Bélgica, e cobriu ainda a visita do ex-presidente Bolsonaro, também em Londres.
Apesar de viver há 13 anos em Londres, é em Bragança que sua família mora. “Eu tenho vários amigos em Londres, mas minha família está toda no Brasil”, contou, ao dizer que ele viaja para Bragança Paulista uma vez por ano, onde ele também tem uma irmã e sobrinhos.
A jornalista Luci Miranda, do Jornal de Bragança e Região, conversou com exclusividade com Felipe sobre sua ida para Israel, a tensão, carreira e sobre o que está vendo na zona de confronto.
Luci: De que forma se deu essa sua ida para Israel?
Felipe: Eu chequei aqui em Israel, porque o jornalista Sérgio Utsch, um super amigo, excelente profissional, me ligou logo depois dos ataques do Hamas e me convidou para fazer essa cobertura com ele. Fiquei até surpreso, porque é minha primeira cobertura de uma guerra. Interessante, porque eu já havia feito um treinamento no ano passado para me preparar para isso, que envolve primeiros socorros, como agir em caso de emergência no caso de um ataque. Então, esse curso foi muito importante.
Luci: Como você está lindando com isso, sentiu medo?
Felipe: Como essa é minha primeira cobertura de um conflito, eu confesso que fiquei com bastante medo quando ouvi as primeiras explosões. A gente estava caminhando e, de repente, tocaram as sirenes, um barulho que a princípio dá um pouco de pânico, o meu coração começou a bate muito forte, a gente fica meio perdido, sem saber para onde correr. Mas, isso foi substituído por uma adrenalina muito forte. Hoje, eu entendo esses correspondentes internacionais que fazem essas coberturas de conflitos, porque parece que aumenta a vontade de estar mostrando isso para as pessoas. Não que a gente se coloque em condição de risco, mas a gente quer estar perto quando as coisas acontecem.
Luci: Como os amigos reagiram a essa sua mudança para uma zona de guerra?
Felipe: Eu tenho recebido várias mensagens de pessoas dizendo: “Saia daí, você é maluco, o que você está fazendo ai?”. Mas eu tenho a sensação de que aqui é mais seguro do que o Brasil, apesar de tudo. E também, as pessoas se acostumam aqui; a gente usa equipamentos de proteção, recebe treinamentos. Eu me sinto seguro, inclusive essa é uma questão que eu percebi com a maior parte das pessoas que conversei. De forma geral, as pessoas têm uma sensação de calma, são gentis, tem um sorriso no rosto, somos super respeitados. Claro, algumas estão em pânico devido ao massacre, sem precedentes, que aconteceu aqui. Mas no geral, estou me sentindo a vontade aqui, sei que é estranho, mas a gente acaba se acostumando, pois faz parte do dia a dia. Luci: Como é o trabalho?
Felipe: Aqui, às vezes, a gente está em um lugar, entra ao vivo e já tem de recolher rápido o equipamento no carro e ir embora. Ontem (sexta-feira, 20), por exemplo, a gente estava em uma cidade há 500 metros de Gaza, a gente conseguia ver os prédios de Gaza, e fomos abordados por um soldado que disse que a gente não podia ficar ali, pois é uma área super perigosa. Ele foi super gentil com nossa equipe, estava calmo e nos recomendou que fôssemos para outra parte.
Luci: O que você tem percebido nesse conflito quanto à população?
Felipe: Eu sinto que a população israelense, no geral, é doce e tem o coração super bom. Mas, ao mesmo tempo, a parte política está fazendo essa investida, de certa forma, criminosa em Gaza, porque as pessoas lá não têm defesa alguma. Cortaram a luz, eles estão sem energia elétrica, sem água. Estão bombardeando essas pessoas que não têm defesa. E, a maioria das pessoas com que conversei aqui em Israel, tem essa consciência de que os criminosos são o Hamas, mas que tem esse problema humanitário com os palestinos. É muito triste ver o que está acontecendo em Gaza.
Luci: Como as pessoas podem ver a participação de vocês.
Felipe: A gente entra no jornal SBT Brasil, que começa às 19h45 (horário de Brasília), mas entramos em vários outras programas do SBT, como no Mapa Mundi, no Fofocalizando.
Lembrando que o fuso horário entre o Brasil e Israel é de 6 horas. Então, quando Felipe o Jornalista Sérgio Utsch entram no SBT Brail, às 19h50, em Israel já são quase 2 horas da madrugada.
Felipe Gonçalves tem postado algumas fotos e vídeos no seu instagram @ferugon