Pelo segundo ano, Laura Laurentino, vai passar o Dia das Mães sem um dos seus três filhos. No dia 22 de fevereiro de 2014, ela enterrou o corpo de Carlos Torillo Veronesi, na época com 24 anos. Um crime que a Polícia Civil de Bragança ainda não conseguiu solucionar.
Aos 13 anos, Carlos assumiu a homossexualidade e passou a se chamar Camila, ou Camilinha para os amigos. Ela se formou no curso de cabeleireira e sonhava em ter o próprio salão quando teve a vida interrompida brutalmente. A mãe, que passa todos os dias buscando pistas do assassino, espera que a justiça seja feita. “Eu sofro todos os dias. Quero que a polícia encontre a Jéssica porque eu preciso saber o porquê que ela matou minha filha. Ela tem de pagar por isso”.
Jéssica (foto) é o nome de Jeferson Rogério, um travesti com quem Camila havia tido dois desentendimentos sérios, pouco tempo antes do crime. Para o delegado José Glauco Ferreira, da Delegacia de Investigações Gerais de Bragança (DIG), que assumiu o caso recentemente, Jéssica é a principal suspeita e está com a prisão decretada. No entanto, desde o crime, ela não foi mais vista na cidade. “Precisamos de informações que nos levem até ela”, disse o delegado. Segundo ele, outros travestis ouvidos, não colaboraram com muitas informações, não falaram a verdade. Mas segundo Dr. Glauco, o crime pode ter ocorrido por disputa de ponto de programas. Versão que não convence dona Laura. “Não era isso que ela me falava, minha filha trabalhava. Mas que seja isso, pra mim, o importante é que eles achem o criminoso. Eu preciso disso pra sobreviver”.
Dona Laura não tem condições de pagar um advogado para acompanhar o caso, por isso sua expectativa está na Polícia e nas informações de pessoas que possam ter visto o que aconteceu. “Tem mais gente envolvida, porque bateram muito na minha filha. Ela foi espancada, deram uma facada no peito e cortaram a veia aorta”, relembra aflita, a mãe que faz um apelo. “Pelo amor de Deus, me ajudem a encontrar o assassino da Camila. Hoje sou eu que choro, mas amanhã pode ser o filho de outra pessoa. Me ajudem, eu preciso disso”, diz emocionada ao frisar. “O meu presente de Dia das Mães, seria ver a Jéssica ser presa, porque sei que minha filha não volta mais”, desabafou.
O Crime
Camila saiu de casa para ir a quadra de uma escola de samba. Mas de lá, ela foi para outro ensaio de carnaval. Ela teria pegado carona com uma colega que a deixou no bairro do Matadouro, em Bragança. O corpo dela foi encontrado três dias depois, no meio de um mato, na Rodovia Bragança/Tuiuti, com requintes de crueldade.
“Não existe crime perfeito, existe crime mal investigado. Eu não vou sossegar”, disse dona Laura.