Um dos objetivos do “Outubro Rosa” é conscientizar as mulheres sobre a importância da prevenção e diagnóstico precoce da doença. Ser consciente, elas são. O problema é conseguir um diagnóstico rápido, já que isso esbarra na lentidão dos agendamentos.
Em novembro, quatro pacientes da Rede Municipal de Saúde de Bragança, procuraram o Jornal de Bragança e Região, contando a saga que enfrentam em busca do diagnóstico.
Ana Carla Cavalaro Cruz, realizou uma mamografia em outubro. O resultado mostrou uma alteração na mama, tendo o médico solicitado um ultrassom. Na UBS São Vicente de Paula (unidade a qual ela pertence), disseram que levaria quinze dias, mas já se passaram dois meses. “Está lá para marcar ainda. Mas o atendente falou que é para eu não ter pressa, porque não tem só eu”, disse ao contar que a tia dela morreu vítima de câncer de mama. “A gente fica com medo”.
Outro caso é da paciente Márcia Ferreira Barbosa, que passou pelo médico há cerca de três meses e no exame de toque, o profissional suspeitou de câncer de útero. Sabendo da demora que enfrentaria, as amigas fizeram uma “vaquinha” e pagaram o ultrassom transvaginal e uma consulta particular. O câncer foi descartado, mas o médico fez pedidos de novos exames. “Voltei à UBS São Vicente de Paula, mas eles não aceitam pedido de médico particular. A gente fica sendo jogada de um lado para outro e nada de resolver”, frisou.
Roseli Venâncio de Moraes vive a mesma saga. Não consegue ter seu problema resolvido. Com suspeita de câncer de útero e diante da demora da Rede Pública, ela também pagou, com a ajuda da mãe, um médico particular, que assim como o médico da Especialidades Bom Jesus e do HUSF, apontou a necessidade de uma biópsia. Mas nada de conseguir marcar. “É um empurra-empurra. Agora me encaminharam para o AME de Atibaia, que me encaminhou para Bragança de novo, para que eu seja encaminhada para Campinas, mas agora só em 2018. O tempo vai passando e eu pergunto: E o diagnóstico precoce que tanto falam?”, desabafou ao informar que o médico particular disse que as chances de ser câncer de útero, são grandes.
Problema semelhante enfrenta Elisete Rizardo, que pertence a UBS do Jardim São Miguel. Ela fez um papanicolau e, com suspeita de câncer de colo do útero, foi encaminhada para o agendamento do exame de colposcopia. Já se passaram mais de dois meses e ela ainda não teve o exame agendado. “No pedido está escrito prioridade, mas até agora nada”, disse ao completar. “Eu não tenho como pagar, comecei a trabalhar tem duas semanas”.
O que diz a prefeitura
Sobre o caso de Márcia, a Secretaria de Saúde disse que ela está sendo assistida pela UBS São Vicente, que atualmente aguarda os exames serem autorizados pela regulação e que uma agente comunitária foi à casa da paciente e que a mesma passa bem. O JBR voltou a falar com Márcia, que disse que não recebeu a visita de nenhuma agente, mas que encontrou por acaso com a profissional na rua. Ela afirmou que não está bem, sentindo fortes dores. Sobre Roseli, a secretaria disse que ela tem pedido de cirurgia ginecológica datado de 13/11/2017, está na regulação e que ela foi encaminhada para o AME Atibaia.
Sobre o ultrassom de mama, a Secretaria de Saúde disse que a espera, de modo geral, está levando, em média, três meses e que existem seis mil pacientes esperando. “Este ano já foram realizados, de janeiro a outubro, nove mil exames”, informou.
Sobre a colposcopia, a Secretaria disse que não foi realizado mutirão, pois o AME Atibaia tem concedido vagas suficientes. “Temos sete pacientes aguardando”.