As Eleições nunca estiveram tão polarizadas como a deste ano, que está sendo marcada por ofensas, brigas e, inclusive, pelo uso da fé e religião, gerando situações delicadas, acirrando os ânimos e gerando conflitos.
Sobre esse momento, o Jornal de Bragança e Região conversou com Dom Sérgio Aparecido Colombo, Bispo Diocesano de Bragança Paulista que, recentemente, esteve com o maior líder da Igreja Católica.
JBR: O senhor chegou há poucos dias do Vaticano. Poderia falar um pouco do encontro com o Papa Francisco? Dom Sérgio: A cada 5 anos, os Bispos devem se encontrar com o Papa, o sucessor dos apóstolos. Não é somente um encontro com o Papa, mas com os Departamentos da Igreja, chamados de Dicastérios. Tivemos a oportunidade de estar com o Papa Francisco por duas horas e meia, e ouví-lo, mas também expressarmos nossas preocupações. Percebemos proximidade e acima de tudo, o Papa nos encorajou. A Igreja não é nossa, a Igreja é de Deus. Somos administradores dos bens que Ele nos confiou, por meio de seu Filho Jesus Cristo. Nada deve nos abalar, nada deve nos perturbar, não podemos ficar dirigindo ou ir atrás de ideologias, por melhores que sejam, estamos a serviço do evangelho da Vida, do evangelho da alegria, que é Jesus Cristo. Fez muito bem esse encontro com o irmão mais velho, que é o Papa Francisco, que nos tratou com muita ternura e carinho.
JBR: Como a Igreja vê as Eleições desse ano, no maior país católico do mundo? Dom Sérgio: As Eleições expressam que nós vivemos em uma democracia. É claro que, uma democracia que precisa de aperfeiçoamentos. O povo precisa acompanhar aqueles que ele escolheu para governar. As Eleições estão bem polarizadas e não é novidade para ninguém, estamos elevando sobremaneira ideologias, pontos de vistas, pessoas e, isso, muitas vezes está causando conflitos, divisões, luta, isso não pode ser. As Eleições deviam acontecer num clima de diálogo, discussão de ideias, seja no mundo católico, evangélico, em qualquer lugar. Pois o que está em jogo é a vida de um povo, de uma nação. Então, a gente se pergunta: Qual é o projeto de nação que está por de trás de tudo aquilo que estamos ouvindo? As pessoas se degladiando, se ofendendo, muitas mentiras, as Fake News, que podem prejudicar a vida democrática. Penso que, as Eleições poderiam ser mais tranquilas, se houvesse da parte de muitos, essa maior maturidade política. A política é o modo concreto, eficaz, de caridade, o serviço à dignidade das pessoas.
JBR: Há um tema específico que preocupe mais a Igreja, nessas Eleições? Dom Sérgio: Os temas são as melhores condições de vida para o povo, maior participação, educação de qualidade, acesso à saúde, valorização da família, liberdade religiosa. Longe de nós qualquer discriminação, enfim, as pautas que promovam e valorizam a vida.
JBR: Qual a posição, o papel da Igreja em um pleito eleitoral? Dom Sérgio: A missão da Igreja é sempre iluminar, abrir as mentes, os corações. Não é a Igreja que vai dizer o que você tem que fazer, votar nesse partido, nessa pessoa. A Igreja está além. E, os princípios que norteiam a Igreja são o evangelho e a sua doutrina social. Portanto, um padre, um pastor, um religioso, devem acolher sempre aquilo que sua Igreja propõe, para não criar disputas, animosidade. Por exemplo, na Igreja Católica, as orientações, desde há muito tempo, é essa: formar a consciência dos cristãos para os valores que contam. Se tem algum padre, algum bispo que está dizendo o nome desse ou daquele candidato ou partido, ele está transgredindo aquilo que a Igreja pede. É uma pena, porque não favorece proximidade, cria animosidade.
JBR: Como representante do Papa Francisco, qual a mensagem que o senhor deixa para a população da região bragantina, dias antes do segundo turno.
Dom Sérgio: Que todos possam pensar em quem escolher, segundo a sua consciência, sem medo. Seja este ou aquele candidato, deverá trabalhar para o bem maior, o bem do povo, o bem da nação brasileira. Sobre todos os leitores e internautas, minha bênção carinhosa: Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, Amém.